Milhares de familiares e amigos pelo país têm chorado
pelo assassinato das travestis e dos jovens negros
Cometidos pela discriminação da qual Eduardo Cunha se orgulha de ser símbolo
--
Milhares de trabalhadores e suas famílias também choram
porque perderam a garantia do emprego de onde tiravam sustento
perderam salário, perderam aposentadoria
perderam esperança de futuro
Por causa das reformas que Eduardo Cunha encaminhou e apoiou
--
Milhares de mulheres choram, e outras morrem, e seus familiares choram
vítimas de clínicas clandestinas de aborto
Que existem porque pessoas como Eduardo Cunha são contra a legalização
--
Hoje Eduardo Cunha chorou.
Não teve uma grande perda (vai até manter o mandato), não foi vítima de nada,
não sofreu ainda as consequências dos crimes que cometeu.
Nem sequer teve que devolver o que nos roubou.
Mas mesmo assim chorou.
Chorou porque saiu daquela posição privilegiada
em que cometia seus crimes contra nós
--
Mal sabe ele
que todo o choro que causou em nós
ainda há de virar luta
E então esteja ele preparado, porque vamos tomar de volta tudo o que nos tirou.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
quinta-feira, 17 de março de 2016
Por que defender o PT nessa crise política só ajuda a direita?
Há uma parte da direita no Brasil
que quer, de fato, dar um golpe. Mas chegamos a um momento em que a esquerda,
defendendo o PT, só consegue ajudar cada vez mais os golpistas. Mas como?
Antes de começar, vamos imaginar a
seguinte cena:
A casa começou a pegar fogo. Várias
pessoas lá dentro, sem saber muito para onde ir, procuram uma saída. Um sujeito
lá no meio, que vamos chamar de Pessoa 1, aponta para um corredor e grita para
todos:
- Venham para cá! A saída é por
aqui!
Outra pessoa, a Pessoa 2, sabe que
aquele caminho não levará a lugar nenhum, e que provavelmente se forem por lá
acabarão todas vitimadas pelo incêndio. Então ela diz:
- Não! Aquele é o caminho errado!
Não há saída por lá!
O grupo de pessoas, atônito, mas
confiando no alerta da Pessoa 2, então pergunta:
- Qual é o caminho da saída então?
Para onde devemos ir?
E a Pessoa 2 imediatamente responde:
- Melhor não fazermos nada. Vamos
ficar todos aqui parados. Vai ficar tudo bem.
--
O que essas pessoas fariam? Ficariam
lá paradas, vendo o fogo aumentar e a casa cair sobre suas cabeças? Ou
tentariam a sorte, seguindo a Pessoa 1, mesmo com as advertências da Pessoa 2?
A crise política pela qual passamos
hoje no Brasil tem algo de muito parecido com essa situação. É possível ver, na
Pessoa 1, o PSDB (ou MBL, ou Bolsonaro) se aproveitando de uma situação de
catástrofe e de desespero das pessoas para prometer uma salvação, mas
obviamente sem dizer que o caminho apontado só leva a outra parte da mesma casa
em chamas.
Também é possível identificar na
Pessoa 2 a militância e os apoiadores do PT. Diante do risco de as pessoas
seguirem para um caminho sem saída (que, concordemos, é um risco real), ela
tenta convencer a todos de que o problema não é tão grande assim. Tenta convencer
a todos de que ninguém vai morrer no incêndio, mas só se ficarem ali parados e não
seguirem a Pessoa 1.
São duas propostas que não são tão
diferentes. Por diferentes caminhos, ambas levam ao mesmo destino. Mas, para as
pessoas que estão lá sob o incêndio, não parecem assim tão parecidas. A
primeira propõe uma mudança que leva a outro lugar, que pode ou não ser uma
saída; a segunda propõe que as pessoas aguentem as coisas como estão.
Parece um tanto claro que, só
existindo essas duas opções, as pessoas decidam acompanhar aquele que indica um
caminho novo, ainda que seja bastante possível que o caminho seja uma furada. É
fácil aqui entender como a posição de apoiar o PT nesse cenário só ajuda o PSDB
e outros grupos de extrema direita a se tornarem uma referência.
A necessidade de mudança não é algo
que foi inventado pela direita ou por quaisquer críticas ao governo, e nem
mesmo pela grande mídia. A necessidade de mudança que as pessoas sentem é algo
muito material: cortes de direitos, privatização da saúde e da educação,
aumento dos preços, falta de acesso a moradia e transporte, criminalização da
população pobre, negra, indígena. Em suma: a casa está pegando fogo, e as
pessoas não precisam ser convencidas de que uma saída é necessária, elas já
sabem disso. O que possibilita à mídia e à extrema direita apontar uma saída e
conseguir ganhar as pessoas tão facilmente é a falta de outra alternativa. Se
apoiamos o PT, essa alternativa continua faltando. Ganha a direita.
A única possibilidade de combater a
direita é, portanto, construir uma alternativa política a partir das lutas por
direitos, da luta por moradia, por empregos dignos, melhores salários, contra
os cortes nos investimentos sociais, contra a reforma da previdência. Ou seja,
a única forma de combater a velha direita do PSDB e a extrema direita que sonha
com um golpe é nos unificarmos em lutas que são também contra o governo de
Dilma e do PT.
E, se a forma de combater essa
direita golpista é a construção de uma nova alternativa de esquerda e de lutas,
fica claro que essa é também a única forma de defender a democracia. Além do
que seria uma ironia usar o argumento de democracia para defender um governo que
só se lembra da democracia quando corre o risco de cair, e que em outros
momentos está de mãos dadas com os golpistas reprimindo movimentos e
sustentando toda a violência do Estado.
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