terça-feira, 28 de agosto de 2012

Em nome da felicidade

Estava conversndo ontem com um amigo, que me fez refletir sobre algo que circunda meus pensamentos de sempre, mas que nunca tinha me dado conta.

Ter alguém em meus braços cujos olhos brilham para outra pesoa não dói tanto quanto ter alguém cujos olhos brilham para mim nos braços de outra pessoa.
Ele disse que eu era uma pessoa muito boa por sentir isso.

Para mim, perder alguém por causa de uma moral repressiva é pior do que a insegurança de poder perder alguém de forma sincera.

Será que é isso mesmo?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pequena observação sobre a postagem abaixo

(Depois de conversas com algumas pessoas, achei interessante publicar uns questionamentos, quem sabe alguém não tem umas respostas?)

Achei importante diferenciar o Amor da Paixão (e sua violência), porque algo que vejo muito é a negação do Amor quando se identifica que a Paixão é problemática.

Ora, mas quais são as coisas que estão no campo do Amor, e quais estão no campo da Paixão?

A intensidade deve ser negada quendo se nega a Paixão?
E a urgência? A entrega?

?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Uma violência sutil contra o Amor

(Esse texto se trata de algo que percebi recentemente e não tenho certo ainda o que penso sobre. É uma polêmica comigo mesmo. É um sentimento, ainda a ser compreendido e lapidado, ou até esquecido. E aceita opiniões de quem compreendê-lo.)



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Sempre defendi a Paixão, e que se a sentisse da forma mais intensa e profunda.
Pensava que a Paixão também era parte da Vontade.

(E, tratando do modo de vida, a Vontade é algo a ser defendido. Não aquela vontade individualista e mesquinha, ou aquela vontade imediata e inconsequente, mas uma Vontade construída coletivamente e que se reprime apenas por uma moral conservadora: essa sim deveria ser sempre realizada.)

Mas hoje percebi como é violenta a Paixão.

É violenta com aquele que a sente: rouba e imobiliza sua alma; impede o exercício da própria Vontade; inebria e atrapalha um encontro com o ser amado, substituindo-o por um ideal.
A Paixão faz com que o desejo de construir se torne destrutivo: Quer-se ter o outro para si, e não se percebe como isso impede a própria relação com o outro.

Portanto a Paixão é também violenta para com a pessoa que faz de alvo.

É contrária à Vontade. É contrária ao próprio Amor.

E eu, amante da Vontade e do Amor, fui por tantas vezes violento com aqueles que gostava, prendendo-os da forma mais covarde - através de sua própria paixão - e convencendo-os de que aquilo era a própria liberdade.
Tive tanto medo de perdê-los.

Enfim, a Paixão me fez me perder de mim mesmo. Meu individualismo apaixonado me proibiu de ter relações reais; da mesma forma como me impediu de realizar aquelas tarefas que tive Vontade.

Essa forma de Paixão, que esconde e nega o Amor, é fruto da insegurança. É um querer exagerado daquele objeto necessário que nunca (parece que) se vai alcançar. É uma falta (ativa) do Companheirismo real, é o desespero de sair da solidão a que nossas almas estão submetidas.
E cada vez que tentamos a saída individual pra esses problemas, eles se agravam: Quando prendemos numa teia de Paixão aquele que amamos, o perdemos ao mesmo tempo.

O capital nos prende em suas teias, e suas soluções são sempre falsas.

Violências sem tamanho. Mas o capital também nos ensina a naturalizar a violência. Nos ensina a não vê-la. Nos afeiçoa a ela.

Mas existe a solução fora do domínio do capital. Existe a liberdade.
A libertação das amarras Paixão pode nos fazer sentir o Amor e o Companheirismo; e pode nos libertar também a Vontade.

Quem sabe em uma nova sociedade - onde os Humanos sejam livres, e onde reinem a Solidariedade e o Companheirismo - surja uma nova forma de Paixão?

Quem sabe?

sábado, 18 de agosto de 2012

Os amores de meus amores

Como posso demonstrar esse sentimento tão ambíguo?

Ainda sou pessoa formada pelo capital
Ainda quero possuir, ainda morro de ciúmes
Ainda me dóem os pensamentos em que não estou

Mas por outro lado sei que nunca vou possuir ninguém em alma, porque à alma é impossível ser possuída

Então deixo irem meus amores
Ao sabor do mar de suas próprias almas
Sei que vão, e sei que voltam, e sei também que vão pra não mais voltar.

E vejo meus amores, meus grandes amores (Que são meus, meus, meus)
Com seus amores

E como é gostoso vê-los tão felizes!

Os que voltam, e os que não voltam por sua própria vontade
E ainda os que vacilam pelas necessárias vias da moral
É bom vê-los todos, com suas felicidades

E ver que meus amores nunca deixarão de sê-lo, junto com tantos outros amores

E quão gostoso é esse sentimento de, com um amor meu, compartilhar segredos
E agrados, e desagrados
E felicidades e infelicidades tidas com outro amor

Deixando livre meu amor
Serei sempre fadada a deparar com os amores de meus amores

Sentimento ambíguo, pois ainda sou pessoa do capital. Mas sendo ambíguo é bom.
E é só bom!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Breve comentário sobre alienação

O psicólogo de determinada instituição de saúde mental (que é conhecida por alguns como manicômio) é responsável por cuidar de uma média de 300 pacientes internos. Não precisa entender muito do assunto pra imaginar que esse profissional, por mais esforçado e qualificado que seja, não vai conseguir oferecer um serviço de qualidade.

O psocólogo sente na pele como uma situação objetiva pode determinar sua ação, independentemente de sua vontade (ou desejo, ou estímulos internos, ou histórico de condicionamento).

Pois é.

Acontece que esse mesmo psicólogo atribui a seus pacientes desvios e classificações ignorando completamente a situação objetiva em que se encontram.

Não considera sua classe social. Não considera sua situação de exploração no trabalho, ou de violência na família, ou de falta de recursos para suas necessidades básicas. Não diferencia uma criança burguesa com babysitter de uma criança com pais desempregados que vive em uma ocupação.

Simplesmente desconsidera todas as situações objetivas às quais aquele paciente é submetido (incluindo a do próprio manicômio). E atribui à subejtividade (ou aos fatores internos, ou aos conflitos entre desejos, ou ao histórico de condicionamento) todos os seus "problemas" sociais. Ignora até que esses "problemas" podem nem ser problemas.
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O psicólogo sente na pele como a realidade objetiva pode determinar sua ação.
O psicólogo ignora a realidade objetiva na determinação das ações do paciente.

A formação em Psicologia tenta nos alienar da nossa própria condição.
E consegue.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Uma saudadezinha só..

Queria postar algo aqui no meu blog, dizer como tô animado com tudo o que tá acontecendo. Não sabia bem o que escrever.

Aí entrei no seu blog. É o único blog que costumo checar de vez em quando por atualizações.
Mas ultimamente quando entro lá penso se ainda sei algo sobre você. Penso o que existe ainda de mim lá em meio àquelas todas palavras escritas.

Mas não há nada. Como são diferentes as formas como as pessoas se veem e se relacioanam!

Estou animado. Até nesse pedacinho de tristeza de pensar o quanto nos distanciamos há uma alegria guardada; por ter não só cruzado seu caminho, mas enlaçado ambos os nossos, de forma que às vezes ainda até hoje me confundo.

Acho que só queria dizer que gosto de você. Mas não digo. Não sei mais se você vai entender o que quero dizer.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ironias na saúde privada

Estava notando esses dias como os médicos que têm consultórios em torno da minha casa receitam fórmulas a ser manipuladas em farmácias especializadas. Ora, entre quatro médicos* que frequentei nos últimos dias em um raio menor de 500m, todos eles me receitaram algo do gênero.

Curioso como na mesma região há duas farmácias de manipulação, e nos consultórios de todos esses médicos há panfletos de propaganda dessas farmácias.

*detalhe que essa quantidade se deve em parte a consultas em que eu entrei, o médico, sem muito tempo para a consulta, mal ouviu sobre meus sintomas. Certa vez quando eu saía do consultório, o médico gritou: "o problema é no pé esquerdo?", quando na verdade era nos dois. (mas o problema não é esse médico, claro. A questão tá muito além disso, como falo um pouco lá embaixo).

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Estive também fazendo alguns exames diagnósticos. O esquema de produtividade é intenso. A única enfermeira responsável por auxiliar em uma série de exames dava conta de retirar os apetrechos de um paciente e colocar esses mesmos no próximo, enquanto o intermediário realizava o exame. E levei algumas broncas da médica que realizava o exame (nem sem muito bem até agora o que eu estava fazendo de errado), porque o exame estava saindo errado e atrasando.

E um fato que achei extremamente curioso foi que o documento para a retirada do exame tinha o formato de autorização - tipo "autorizo fulano a retirar o exame em meu nome". E, claro, anexado havia o panfleto do serviço de motociclistas que realizavam retiradas e entrega de resultados de exames (pasmem, um serviço especializado nisso!!) por dez reais.

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E o melhor é o convênio. Não paga direito pros médicos, pros laboratórios e pra qualquer outra coisa que tenham que pagar (sendo a ponta de toda essa corrente super-produtivista). E não oferecem os serviços que a gente precisa quando a gente precisa. Claro: a partir do momento em que você colocou o dinheiro nos seus bolsos, qual o sentido da sua existência? (desculpem a ambiguidade da frase, mas veio a calhar)

Status: Saindo dos convênios!

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Alguns colegas da área de saúde dizem que a administração em relação à saúde pública hoje está boa, comparando os dados com os da saúde privada.
Mas aí é covardia: qualquer sistema de saúde é melhor do que um em que a saúde é o que menos importa!

E a questão é que o privado (e todas essas vicissitudes) estão cada vez mais dentro do SUS e da saúde pública. Vamos deixar isso acontecer?