sábado, 14 de junho de 2014

Relação aberta - Contradições (Parte 1)

Você diz que minha relação não é séria
Diz que é doente
Que não é normal
Diz que até é legal, mas não suportaria

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O rapaz namora com a moça, namora pra casar
E ela sabe que ele sempre estará ali para ela

Ele quer sem camisinha
- Qual o problema?
Ela aceita, por que não? Se ele diz...

Ela engravida.
Não estava nos planos dele. Ele precisa ganhar a vida antes de ser pai, certo?
- Acho que você ficaria melhor sem mim...

Não assume. Vai embora
E essa é uma relação séria pra você.

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- Moleque, para de encher o saco!
- Se chorar vai apanhar!

Ela tinha que controlar o menino. (não sabia por quê).
Mas tinha que fazer ele ficar quieto.
Afinal, o filho é meu, tem que me obedecer.

A criança só queria vestir outra roupa. Não pode.
Porque o filho é meu, tem que me obedecer.
Queria brincar com os amigos mais um pouquinho só. Não pode.
Estamos atrasados?
Não. Mas o filho é meu, tem que me obedecer.

- Obedece sua mãe!
Dizia o outro
- E se chorar vai apanhar!

Essa é a relação saudável para você.

--

- Só faz merda mesmo!
Ele diz pra ela.

Ela se arrumou para ele
(depois de ter arrumado as coisas dele, arrumado a casa para ele, feito a comida para ele)
E combinou com os amigos de saírem

- Tenho uma reunião do trabalho, não posso ir.
Vai para a casa da outra. Ela sabia.
Mas quando ele estiver na casa da outra
Ela vai estar se arrumando para ele
E arruando as coisas dele, e arrumando a casa pra ele, e fazendo a comida dele

E essa é a relação normal pra você.

--

Ama seu namorado.
Ama muito, e não o deixaria por nada.
A história deles é a mais bonita. E será eterna.

Mas apareceu esse menino.
Sorriu, para ela, a tratou tão bem.
E falou coisas impressionantes, admiráveis...
Apaixonantes!

Ela queria um pouco. Mas não faria.
Não valia a pena essa aventura.
Ela tinha seu namorado. E o amava muito.

Ela queria um pouco, mas o namorado era suficiente.
Com ele ela não podia conversar sobre aquelas coisas tão interessantes.
Mas era suficiente.

Não era tão pouco assim que ela queria o outro.
Queria de verdade. Mas ainda podia se conter.
Afinal, pra que fazer algo contra
Essa relação tão grande e forte?

O namorado a supria, mas não.
Precisava do outro. Mas não pode abrir mão de seu amor.

Não suporta mais ficar com o namorado
A vontade do outro toma conta.
Mas ainda o ama. Precisa se conter. Precisa se segurar. Não vale a pena abrir mão desse amor.

A vontade é cada vez maior.
Não há mais prazer na presença do namorado.
Não há mais prazer na presença do outro.
A vida tornou-se lutar contra si mesma.

E essa é a relação que para você é suportável.

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(Em caráter de P.S.
se para você só falei aqui sobre exceções,
sugiro desligar a TV,
e não acreditar tanto nas vidas que as pessoas inventam sobre si mesmas)

domingo, 1 de junho de 2014

Greve!

Eles querem aprender a biologia e as doenças
Para oferecerem seus serviços de saúde em suas clínicas

Nós queremos que o estudo das doenças seja para todos,
E que não haja patentes
E nem enviesamento das pesquisas por investimentos privados

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Eles querem se formar bons profissionais
Para ajudar essa sociedade

Nós queremos nos formar profissionais humanos
Para mudar a sociedade

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Eles querem decidir por si mesmos
Dar o melhor de si
E crescer profissionalmente

Nós queremos decidir de forma coletiva
Complementando-nos uns aos outros
E fazer todo o mundo crescer junto

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Eles querem ouvir e transmitir todo aquele conhecimento
Que está registrado nos livros

Nós queremos ouvir, debater e superar
Criar novos conhecimentos
Novas questões
Novas respostas

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Eles querem fazer bem seu trabalho
E serem reconhecidos por seus superiores
Por sua produtividade

Nós queremos que não haja superiores
E que sobre nossos trabalhos
Decidamos todos juntos
Porque só nós todos juntos
Podemos saber o que é ou não produtivo para nós


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Eles querem ter aula

Nós queremos aprender

Uma abstração sobre o amor

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Me apaixonei por alguém
Mas ainda estou apaixonada pelo meu namorado

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Normal. Sempre acontece

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Mas o que eu faço?

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Ora, converse com seu namorado
Diga o que sente
E abra sua relação

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Mas ele nunca vai aceitar isso!

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Pois é,
Talvez não

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E então?

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Olha, você tem duas opções
Pode lutar contra si mesma. Se esconder, reprimir,
Negar o que sente
E tentar sufocar a si mesma cada vez que uma pontinha de vida a tente invadir.
É uma luta eterna.

Ou
Pode lutar contra o mundo
Negar o que te é imposto
E agarrar com força tudo o que te traz vida.
É uma luta dura
Mais dura que qualquer outra, cheia de medos e revezes.
Mas é uma luta que pode ter fim
E, se tiver fim,
No fim sobra só a vida.