segunda-feira, 30 de março de 2015

Não existe amor à primeira vista

Não existe amor à primeira vista
É nada mais que projeção
        Fetichização
        Irresponsável

Não te amei à primeira vista
Mas nesse curto tempo
Falhei
        - e olha que procurei -
Em encontrar porquê não gostar de você

Paixão e Amor

Apareceu então essa pessoa na minha vida
Tão brilhante
Ofuscou a vida
E ficou só ela

--

Mas veio então
Outro alguém
Tão mais brilhante
Que iluminou tudo à volta
E, como eu já nem lembrava,
Trouxe de volta a vida

domingo, 29 de março de 2015

Bendita seja

Bendita seja essa vida
Em que a solução
        O gozo, o tesão
É sempre
Buscar a próxima contradição

quinta-feira, 26 de março de 2015

Só mais um relato cotidiano

Já havia passado em consulta com o médico em questão.
Foi antes de assumir minha identidade feminina.

Cheguei no seu consultório, informei à primeira pessoa que me atendeu sobre meu nome social.
Gostaria de ser chamada por ele.
Fui chamada pelo meu nome de registro. Na sala de espera.
Era a secretária do médico.
Corrigi. Ela entendeu. Pediu desculpas.
Assinei o que precisava assinar. Voltei a esperar.

Fui chamada novamente.
Pelo médico.
Pelo meu nome de registro.

Nervosa! Quantas vezes teria que corrigi-los?
Corrigi novamente. Dessa vez o médico.

Ele balançou a cabeça negativamente, como se eu estivesse errada em corrigi-lo.
Oi? O que é que ele está achando ruim?
E começou a discutir comigo.
Dizia que estava certo em me chamar pelo meu nome de registro.
Justificou:
    É o nome que estava escrito aqui na ficha.
(Ora, a ficha obviamente não tem um campo de nome social)
    Da outra vez que você veio, te chamei por esse nome.
    E olha que eu tenho uma memória muito boa!

Que bom que você tem uma memória tão boa.
Pena que ela substituiu sua capacidade de respeitar. E de ouvir.

Ignorou que eu havia informado meu nome quando cheguei.
Ignorou que eu havia acabado de informar (pela terceira vez) o nome pelo qual devia me tratar.
Não, não ignorou nada na verdade.
Simplesmente não precisava me respeitar. E não queria me respeitar.
E não estava nem aí.

Quando insisti na necessidade de que ele respeitasse os direitos humanos e meu direito a uma identidade de gênero e a um nome social, a resposta dele foi dar de ombros.

E, claro, ele disse "Você pode procurar outro médico".

É, eu posso procurar outro médico. Ele não precisa de mim.
Não precisa de uma travesti como cliente.
Não precisa me respeitar.
Melhor pra ele mesmo que eu nem estivesse lá. Queria que eu saísse logo do consultório.
Queria chamar logo o próximo cliente.
Médico? Linha de produção!
E uma linha de produção que se preze não pode ter travesti. Vai afastar os clientes, né?


--

Rendeu algumas denúncias.
No CREMESP
No convênio
Na DECRADI

Vai dar em algo? Não sei. Provavelmente hoje não.
A justiça não está do nosso lado.

Mas um dia vai estar. Porque estamos na luta!
E juntas somos mais fortes.
E não vamos descansar enquanto não conquistarmos nosso respeito!

:)