sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Já que não queres amar comigo




Já que não queres amar comigo
Então vou amar sozinha
Vou rever fotos
Reviver alegrias

Vou reensinar a mim mesma
Tudo que aprendi contigo
Vou dançar sozinha
Todas as nossas canções
Ler teus poemas bem alto
Ter teu colo que não está
Rir novamente de tuas piadas
E aquele cravo replantar

Já que não queres amar comigo
Então eu vou amar sozinha
Sem te dizer uma linha
De como é bom estar contigo

*

Já que não queres amar comigo
Então eu vou amar sozinha
Tapeando uma saudade
E transformando em companhia

Mas se um dia te faltares
Algo que te lembre a mim
E bater, assim, distante,
Aquela saudadezinha
Vem correndo que, quem sabe,
Ainda pode haver tempo
De desfazer o desencontro
E eu não mais amar sozinha

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Gisele, onde ela estiver



(Gisele não é o nome real dela. Não me lembro o nome real dela. Mas vez ou outra ele me vem à cabeça. E tenho certeza que se o ouvisse hoje seria um nome que me soaria estranho, quase jocoso, como me soava na época)

Devia ser por volta da primeira ou segunda série. Eu ainda morava em Marília. Há vinte anos!
Eu não sabia muito sobre a vida, sobre os sentimentos. Não sabia ainda como era essa coisa de me colocar no lugar dos outros.

Gisele era uma colega da escola. Não lembro dela como sendo muito próxima no dia a dia. Talvez fosse porque os grupos de meninos e de meninas eram separados. Talvez somente não fôssemos próximos. Talvez seja uma lembrança falsa, uma invenção desses anos todos que se passaram.

Gisele gostava de mim. E dizia que gostava. Algumas vezes pediu para namorar comigo. 

Lembro de sua voz. Lembro de sua voz dizendo “Quer namorar comigo?”. Lembro nitidamente de sua voz, mais nitidamente que boa parte das minhas lembranças. Fazem vinte anos..

Eu nunca respondi. Nunca dei alguma satisfação. Não sabia o que fazer. Simplesmente não sabia! Não podia dizer não, mas não queria dizer sim. Fugia. Tentava desconversar. Ficava indiferente. 
Vejam só! Ela gostava de mim! E eu ficava indiferente! Nem sequer respondia! Como pude?

Eu só não sabia. Não sabia o que ela sentia. Não sabia por que gostava de mim. Não sabia o que fazer.

A achava estranha. Não tinha tanta proximidade com ela (eu acho). Não queria namorar com ela. Mas não podia tê-la tratado com tal indiferença.

Uma vez fiz uma festinha de aniversário, daquelas que chamamos todos os coleguinhas da escola. E aconteceu algo que deve ser comum: outro colega fez o aniversário no mesmo dia. Na minha festa foram os dois ou três amigos mais próximos... e ela! Gisele escolheu ir na minha festa, uma festa em que não estavam as amigas dela... porque era a minha festa!



E eu a deixava sem resposta. Esticava cada vez mais essa situação toda. Gisele, que gostava de mim. E eu indiferente.


Não posso acreditar que já fiz isso.

Gostaria de me desculpar com Gisele. Por tudo, por tudo. Por toda a indiferença, pelas perguntas sem resposta, pela espera que a impus em minha imaturidade de não saber me colocar, por minha insensibilidade em nem ao menos poder compreender o que ela sentia e por não ser capaz de acolher um sentimento tão bonito que ela tinha por mim.

Sei que as desculpas não adiantam. E sei também que Gisele nunca as ouvirá. Onde estará ela hoje? Talvez não tenha mais nenhuma lembrança de nada disso. Talvez ainda carregue com certa nitidez uma cena ou outra.

Não podendo acreditar que fiz isso, não podendo acreditar que a indiferença pode ser em alguma situação resposta para o amor, não podendo até hoje aceitar essa lógica e, ainda assim, vez ou outra reproduzindo-a ou sendo sua vítima – ainda assim me sinto mais viva com a lembrança. Ela me faz sentir com força o que está errado e o que tem que mudar.

Provoca um maremoto em minha alma.

E, depois de semanas tão difíceis, finalmente pude chorar.

sábado, 14 de junho de 2014

Relação aberta - Contradições (Parte 1)

Você diz que minha relação não é séria
Diz que é doente
Que não é normal
Diz que até é legal, mas não suportaria

--

O rapaz namora com a moça, namora pra casar
E ela sabe que ele sempre estará ali para ela

Ele quer sem camisinha
- Qual o problema?
Ela aceita, por que não? Se ele diz...

Ela engravida.
Não estava nos planos dele. Ele precisa ganhar a vida antes de ser pai, certo?
- Acho que você ficaria melhor sem mim...

Não assume. Vai embora
E essa é uma relação séria pra você.

--

- Moleque, para de encher o saco!
- Se chorar vai apanhar!

Ela tinha que controlar o menino. (não sabia por quê).
Mas tinha que fazer ele ficar quieto.
Afinal, o filho é meu, tem que me obedecer.

A criança só queria vestir outra roupa. Não pode.
Porque o filho é meu, tem que me obedecer.
Queria brincar com os amigos mais um pouquinho só. Não pode.
Estamos atrasados?
Não. Mas o filho é meu, tem que me obedecer.

- Obedece sua mãe!
Dizia o outro
- E se chorar vai apanhar!

Essa é a relação saudável para você.

--

- Só faz merda mesmo!
Ele diz pra ela.

Ela se arrumou para ele
(depois de ter arrumado as coisas dele, arrumado a casa para ele, feito a comida para ele)
E combinou com os amigos de saírem

- Tenho uma reunião do trabalho, não posso ir.
Vai para a casa da outra. Ela sabia.
Mas quando ele estiver na casa da outra
Ela vai estar se arrumando para ele
E arruando as coisas dele, e arrumando a casa pra ele, e fazendo a comida dele

E essa é a relação normal pra você.

--

Ama seu namorado.
Ama muito, e não o deixaria por nada.
A história deles é a mais bonita. E será eterna.

Mas apareceu esse menino.
Sorriu, para ela, a tratou tão bem.
E falou coisas impressionantes, admiráveis...
Apaixonantes!

Ela queria um pouco. Mas não faria.
Não valia a pena essa aventura.
Ela tinha seu namorado. E o amava muito.

Ela queria um pouco, mas o namorado era suficiente.
Com ele ela não podia conversar sobre aquelas coisas tão interessantes.
Mas era suficiente.

Não era tão pouco assim que ela queria o outro.
Queria de verdade. Mas ainda podia se conter.
Afinal, pra que fazer algo contra
Essa relação tão grande e forte?

O namorado a supria, mas não.
Precisava do outro. Mas não pode abrir mão de seu amor.

Não suporta mais ficar com o namorado
A vontade do outro toma conta.
Mas ainda o ama. Precisa se conter. Precisa se segurar. Não vale a pena abrir mão desse amor.

A vontade é cada vez maior.
Não há mais prazer na presença do namorado.
Não há mais prazer na presença do outro.
A vida tornou-se lutar contra si mesma.

E essa é a relação que para você é suportável.

--

(Em caráter de P.S.
se para você só falei aqui sobre exceções,
sugiro desligar a TV,
e não acreditar tanto nas vidas que as pessoas inventam sobre si mesmas)

domingo, 1 de junho de 2014

Greve!

Eles querem aprender a biologia e as doenças
Para oferecerem seus serviços de saúde em suas clínicas

Nós queremos que o estudo das doenças seja para todos,
E que não haja patentes
E nem enviesamento das pesquisas por investimentos privados

--

Eles querem se formar bons profissionais
Para ajudar essa sociedade

Nós queremos nos formar profissionais humanos
Para mudar a sociedade

--

Eles querem decidir por si mesmos
Dar o melhor de si
E crescer profissionalmente

Nós queremos decidir de forma coletiva
Complementando-nos uns aos outros
E fazer todo o mundo crescer junto

--

Eles querem ouvir e transmitir todo aquele conhecimento
Que está registrado nos livros

Nós queremos ouvir, debater e superar
Criar novos conhecimentos
Novas questões
Novas respostas

--

Eles querem fazer bem seu trabalho
E serem reconhecidos por seus superiores
Por sua produtividade

Nós queremos que não haja superiores
E que sobre nossos trabalhos
Decidamos todos juntos
Porque só nós todos juntos
Podemos saber o que é ou não produtivo para nós


--

Eles querem ter aula

Nós queremos aprender

Uma abstração sobre o amor

--
Me apaixonei por alguém
Mas ainda estou apaixonada pelo meu namorado

--
Normal. Sempre acontece

--
Mas o que eu faço?

--
Ora, converse com seu namorado
Diga o que sente
E abra sua relação

--
Mas ele nunca vai aceitar isso!

--
Pois é,
Talvez não

--
E então?

--
Olha, você tem duas opções
Pode lutar contra si mesma. Se esconder, reprimir,
Negar o que sente
E tentar sufocar a si mesma cada vez que uma pontinha de vida a tente invadir.
É uma luta eterna.

Ou
Pode lutar contra o mundo
Negar o que te é imposto
E agarrar com força tudo o que te traz vida.
É uma luta dura
Mais dura que qualquer outra, cheia de medos e revezes.
Mas é uma luta que pode ter fim
E, se tiver fim,
No fim sobra só a vida.

sábado, 15 de março de 2014

Da amiga Dandara

Publicação da amiga Dandara
Com quem espero estar junto
E junto com tantos outros
Transformando a luta em prática, incendiando esse mundo
E construindo um novo

"
É tão bizarro como sentimos falta de algo que não vivemos, que aconteceu quando éramos crianças ou quando nem tínhamos nascido. Legião Urbana foi uma das bandas que marcou minha adolescência, era a banda favorita de um dos meus melhores amigos daquela época, e cada música lembra uma situação. Ontem não teve como não lembrar de Caldas Novas e de uma certa galera, de como um bando de adolescentes achavam que discutiam filosofia e política, bebendo Rustoff com kisuco. Nas conversas com esses malucos eu imaginava como seria na faculdade, se aquelas discussões poderiam virar em alguma coisa.
Hoje, convivendo (tardiamente) com outro grupo de pessoas (malucas), de novo discutindo filosofia e política diariamente, vem o mesmo frio na barriga da adolescência, só que agora as coisas não estão mais só no campo das ideias, queremos incendiar tudo, e com eles eu me sinto fazendo algo, e principalmente, viva.

"Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.

Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia
"Sempre em frente,
Não temos tempo a perder".

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem,
Selvagem;
Selvagem.

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos: castanhos.
Então me abraça forte e,
Me diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo.

Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.

Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens,
Tão jovens,
Tão jovens"
"

quinta-feira, 6 de março de 2014

Para nos abrir ao mundo

A paixão isola
O amor abre para o mundo
A paixão prende
O amor liberta
A paixão ceifa outros amores
O amor alimenta outros amores

quarta-feira, 5 de março de 2014

Diga espelho meu se há na avenida

Hoje foi um dia daqueles de pensar na vida

E se eu estava com medo de ser quem eu sou
Se ecoava ainda na minha cabeça a história de que ser assim
Me traria sofrimento
Vi que existe mais gente no mundo - além dos amores que já são parte da vida -
Que vê meus olhos grandes
E gosta deles assim, por serem assim como são

E vi que existe mais gente no mundo
Que se deixa contagiar pela liberdade
E que dá - e se deixa receber - abraços, sorrisos e carinhos sinceros
E que também deixa levar seu corpo - em meio aos outros -
Por toques, olhares, sensações

E afirmo, sem dúvidas, que
Apesar de às vezes existir sofrimento na liberdade
Há gente que reafirma assim mesmo a liberdade.
E isso é bom.

Hoje foi um dia daqueles de pensar na vida. E acabo pensando
"Olha só que tipo de coisa me acontece!
Como eu estou fazendo as coisas certo!"

E reafirmo quem eu sou, e meus amores.
E meu modo de vida
 
E a primeira luz da manhã entra oblíqua pela janela
E marca no rosto dela um sorriso cansado, sincero, sensível
Não posso deixar de me entregar também a um sorriso
Que me contamina e invade todo o meu rosto. Sentimento bom.

Comentário sobre a postagem abaixo

(um comentário que um grande amor me mandou sobre o texto da última postagem. Linda!)

Sua atitude, envolver a moça com afeto, com vida, foi a melhor resposta frente a esse tipo de situação. Afeto dá vida e produz mudanças.
Sentir-se acolhida possibilita ver as coisas com menos medo. Que bom que você estava com ela nesse momento.
E sobre essas pessoas que não se deixam amar por preconceito, espero que o amor as remate. Que lhes pegue desprevenidas andando na rua. Que seja intenso e duro, não opressor, mas libertador. Afinal a liberdade se conquista assim, no muque, rs.

 
N

Um dia, as duas piores opressões

(texto antigo, sendo publicado agora)

Ontem foi um dia muito bom. Aprendi coisas comigo mesmo que há muito tempo precisava ter aprendido. Participei de coisas que há muito tempo queria ter participado. E me senti parte do processo.

Mas mesmo nos avanços nos deparamos com limitações
E ontem tive contato com as duas formas de opressão que mais me doeram ao longo da vida.

(Talvez se pense que sou um tanto heterodoxo.
É certo que o que vou dizer aqui não é reconhecido amplamente como opressão.
Mas é certo que é.)

--

Depois de danças, olhares e diferentes formas de aproximação
Ela se fez entender.
Me queria e sentia, por certo, algum tesão por mim.
Se aproximou alegre e se afastou receosa
Por uma, duas, três vezes.
Me prendeu entre as pernas e me beijou. E negou. E beijou.
E continuou a negar.
Não entendi a princípio. Perguntei.
O que estaria acontecendo? Qual a dúvida? Qual a contradição?
Qual o medo?
Ela não conseguiu dizer.
Mas eu sempre soube. Por um momento, achei que podia não ser,
Achei que o motivo seria outro.
Mas não.

(Antes de tudo isso, um menino bastante desorientado, com a melhor das intenções, disse que ser assim como sou traria muito sofrimento)

E era isso.
Ela queria.
Tinha tesão.
Mostrava, expressava, beijava
E tudo mais.
Mas o problema era esse:
Ficar com alguém assim como eu sou.
Ora, como? Como pode uma menina tão feminina
estar com alguém assim como eu sou?

Eu, só por ser assim como sou, ameacei sua feminilidade
Ela queria.
Mas tinha medo.
Eu, assim, sou ameaçador.
E ela exibia, tanto quanto o tesão,
Toda a aflição
Que sentia.

Mas, apesar de eu sofrer dessa opressão
Do não-se-poder-ficar-com-quem-se-quer,
Compreendo de onde vem essa aflição.
Já senti algo assim.
Era preconceito, eu sei, e medo, medo da vida,
Aquele medo que o tempo todo tenta se sobrepor à vontade e que traz essa aflição.
Aquele medo que vem de um sentimento moral.
Já senti.
E sei como é.
E espero que quem sente,
Que quem deixa de fazer - ou ficar - por esse medo,
Espero que aprenda,
Que relaxe
E que possa fazer sua vontade. Livre. Sem aflição.

Eu nunca perdoarei essa moral
Que aflige as pessoas que ficam com quem querem
Que aflige quem mostra carinho por outrem
Só pelo outro ser como é.

--

Ora, mas ainda mais uma situação opressora presenciei esse dia. Não foi comigo diretamente, mas inevitavelmente me solidarizei.

E ela, depois de tudo o que já contei,
Sentiu algo que é muito comum
Mas que todos se conformam em sentir
E ninguém vê como opressão.
Ela sentiu o que é ser propriedade, se assujeitar à vontade de outrem,
Sentiu o que é não ter seus critérios sobre si própria respeitados
Sentiu como é sua opinião não valer se não contempla a opinião do outro.
Sentiu como é sua decisão não valer se não coincide com a decisão do outro.
Sentiu o que - na sociedade em que vivemos - significa ser filho.
(Ou ainda mais: filha)

Não pôde decidir onde dormiria,
Não pôde avaliar onde estaria segura.
Depois de uma conversa com a mãe.

A mim não existem dúvidas
De que eu ficaria a seu lado nessa situação.
Ainda que tivesse me feito sentir mal em ser aquilo que sou,
Não poderia eu simplesmente me ausentar frente a uma opressão que ela sentia

E tentei, com o toque, com a liberdade, com a relação corporal que não se pode dar outro nome que não vida,
Mostrar que, mesmo assujeitada, era sujeito;
Que, mesmo feita objeto, era pessoa.

--

(Se parece grandiosa ou exagerada a forma com que trato coisas que parecem tão cotidianas e banais, isso é mais um sinal de como se internaliza e se acostuma com a opressão. Qualquer que seja, a opressão é sempre terrível, e a tratarei com a ênfase correta: como algo grande, forte, pesado. Apesar de não culpar o autor direto de um episódio opressivo, nunca deixarei com que se torne um fato normal e ameno)

--

Tive contato, e senti intensamente, duas formas de opressão em um só dia.
As duas piores formas de opressão que já vivi na vida.
E cada dia desses me faz ter mais certeza de minha luta pela liberdade.
E cada dia desses me faz ter mais clareza e maturidade para conquistá-la.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

As pessoas quando estão mal

Sempre tive a convicção de que as pessoas, quando estão mal, ficam feias.
Quando estão em situação de oprimidas, de humilhadas
Que acontece com seus rostos
Que se modifica tanto?
Que perde a beleza, a liberdade, a vida.

Quando o mundo as convence que são objetos
Se tornam objetos, perdem a humanidade, não têm vontade, se submetem.
Quando o mundo as convence de que são menores
Se tornam menores.
Quando o mundo as desampara, quando as aflige, quando se mostra hostil
Elas se tornam temerosas, se escondem,
Afogam a si mesmas, reprimem sua alma e suas expressões.
E ficam feias.

--

Mas a vida persiste.
Persiste lá dentro, escondida, esperando pra sair.

E descobri que, apesar de, quando mal, ficarem feias,
A beleza ainda pode acontecer.
Quando pedem ajuda. Estabelecem relação. Olham no olho.
Quando aceitam um carinho.
Quando, apesar de o mundo as colocar como objeto, insistem em sua humanidade. E buscam humanidade em outro.
Quando, apesar de sua aflição, apesar de seu medo,
Apesar de todo, todo, todo esse medo que o mundo nos impõe,
Elas confiam em uma companhia, confiam em alguém.

Descobri como é poderosa uma relação
Que faz de uma pessoa-objeto pessoa novamente,
Que faz de uma pessoa-submissa pessoa novamente,
Que faz da derrota, da tristeza
Esperança.

Compartilhada.