sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ironias na saúde privada

Estava notando esses dias como os médicos que têm consultórios em torno da minha casa receitam fórmulas a ser manipuladas em farmácias especializadas. Ora, entre quatro médicos* que frequentei nos últimos dias em um raio menor de 500m, todos eles me receitaram algo do gênero.

Curioso como na mesma região há duas farmácias de manipulação, e nos consultórios de todos esses médicos há panfletos de propaganda dessas farmácias.

*detalhe que essa quantidade se deve em parte a consultas em que eu entrei, o médico, sem muito tempo para a consulta, mal ouviu sobre meus sintomas. Certa vez quando eu saía do consultório, o médico gritou: "o problema é no pé esquerdo?", quando na verdade era nos dois. (mas o problema não é esse médico, claro. A questão tá muito além disso, como falo um pouco lá embaixo).

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Estive também fazendo alguns exames diagnósticos. O esquema de produtividade é intenso. A única enfermeira responsável por auxiliar em uma série de exames dava conta de retirar os apetrechos de um paciente e colocar esses mesmos no próximo, enquanto o intermediário realizava o exame. E levei algumas broncas da médica que realizava o exame (nem sem muito bem até agora o que eu estava fazendo de errado), porque o exame estava saindo errado e atrasando.

E um fato que achei extremamente curioso foi que o documento para a retirada do exame tinha o formato de autorização - tipo "autorizo fulano a retirar o exame em meu nome". E, claro, anexado havia o panfleto do serviço de motociclistas que realizavam retiradas e entrega de resultados de exames (pasmem, um serviço especializado nisso!!) por dez reais.

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E o melhor é o convênio. Não paga direito pros médicos, pros laboratórios e pra qualquer outra coisa que tenham que pagar (sendo a ponta de toda essa corrente super-produtivista). E não oferecem os serviços que a gente precisa quando a gente precisa. Claro: a partir do momento em que você colocou o dinheiro nos seus bolsos, qual o sentido da sua existência? (desculpem a ambiguidade da frase, mas veio a calhar)

Status: Saindo dos convênios!

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Alguns colegas da área de saúde dizem que a administração em relação à saúde pública hoje está boa, comparando os dados com os da saúde privada.
Mas aí é covardia: qualquer sistema de saúde é melhor do que um em que a saúde é o que menos importa!

E a questão é que o privado (e todas essas vicissitudes) estão cada vez mais dentro do SUS e da saúde pública. Vamos deixar isso acontecer?

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