sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Breve comentário sobre alienação

O psicólogo de determinada instituição de saúde mental (que é conhecida por alguns como manicômio) é responsável por cuidar de uma média de 300 pacientes internos. Não precisa entender muito do assunto pra imaginar que esse profissional, por mais esforçado e qualificado que seja, não vai conseguir oferecer um serviço de qualidade.

O psocólogo sente na pele como uma situação objetiva pode determinar sua ação, independentemente de sua vontade (ou desejo, ou estímulos internos, ou histórico de condicionamento).

Pois é.

Acontece que esse mesmo psicólogo atribui a seus pacientes desvios e classificações ignorando completamente a situação objetiva em que se encontram.

Não considera sua classe social. Não considera sua situação de exploração no trabalho, ou de violência na família, ou de falta de recursos para suas necessidades básicas. Não diferencia uma criança burguesa com babysitter de uma criança com pais desempregados que vive em uma ocupação.

Simplesmente desconsidera todas as situações objetivas às quais aquele paciente é submetido (incluindo a do próprio manicômio). E atribui à subejtividade (ou aos fatores internos, ou aos conflitos entre desejos, ou ao histórico de condicionamento) todos os seus "problemas" sociais. Ignora até que esses "problemas" podem nem ser problemas.
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O psicólogo sente na pele como a realidade objetiva pode determinar sua ação.
O psicólogo ignora a realidade objetiva na determinação das ações do paciente.

A formação em Psicologia tenta nos alienar da nossa própria condição.
E consegue.

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