segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Uma violência sutil contra o Amor

(Esse texto se trata de algo que percebi recentemente e não tenho certo ainda o que penso sobre. É uma polêmica comigo mesmo. É um sentimento, ainda a ser compreendido e lapidado, ou até esquecido. E aceita opiniões de quem compreendê-lo.)



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Sempre defendi a Paixão, e que se a sentisse da forma mais intensa e profunda.
Pensava que a Paixão também era parte da Vontade.

(E, tratando do modo de vida, a Vontade é algo a ser defendido. Não aquela vontade individualista e mesquinha, ou aquela vontade imediata e inconsequente, mas uma Vontade construída coletivamente e que se reprime apenas por uma moral conservadora: essa sim deveria ser sempre realizada.)

Mas hoje percebi como é violenta a Paixão.

É violenta com aquele que a sente: rouba e imobiliza sua alma; impede o exercício da própria Vontade; inebria e atrapalha um encontro com o ser amado, substituindo-o por um ideal.
A Paixão faz com que o desejo de construir se torne destrutivo: Quer-se ter o outro para si, e não se percebe como isso impede a própria relação com o outro.

Portanto a Paixão é também violenta para com a pessoa que faz de alvo.

É contrária à Vontade. É contrária ao próprio Amor.

E eu, amante da Vontade e do Amor, fui por tantas vezes violento com aqueles que gostava, prendendo-os da forma mais covarde - através de sua própria paixão - e convencendo-os de que aquilo era a própria liberdade.
Tive tanto medo de perdê-los.

Enfim, a Paixão me fez me perder de mim mesmo. Meu individualismo apaixonado me proibiu de ter relações reais; da mesma forma como me impediu de realizar aquelas tarefas que tive Vontade.

Essa forma de Paixão, que esconde e nega o Amor, é fruto da insegurança. É um querer exagerado daquele objeto necessário que nunca (parece que) se vai alcançar. É uma falta (ativa) do Companheirismo real, é o desespero de sair da solidão a que nossas almas estão submetidas.
E cada vez que tentamos a saída individual pra esses problemas, eles se agravam: Quando prendemos numa teia de Paixão aquele que amamos, o perdemos ao mesmo tempo.

O capital nos prende em suas teias, e suas soluções são sempre falsas.

Violências sem tamanho. Mas o capital também nos ensina a naturalizar a violência. Nos ensina a não vê-la. Nos afeiçoa a ela.

Mas existe a solução fora do domínio do capital. Existe a liberdade.
A libertação das amarras Paixão pode nos fazer sentir o Amor e o Companheirismo; e pode nos libertar também a Vontade.

Quem sabe em uma nova sociedade - onde os Humanos sejam livres, e onde reinem a Solidariedade e o Companheirismo - surja uma nova forma de Paixão?

Quem sabe?

Um comentário:

  1. Não é a opinião de quem o compreende, mas de quem gostaria de refletir também. Será que a paixão tem sempre que ser castradora? Me sinto leve e plena quando estou apaixonada e felizmente tenho estado assim em muitos momentos...

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